sábado, 25 de outubro de 2008

CONSTRUÇÃO DE CONCEPÇÕES DE MUNDO: A PERPESPECTIVA MARXISTA DE EDUCAÇÃO


- Refletindo sobre as discussões realizadas no fórum de Marx e Mészáros, gostaria de destacar alguns pontos que mais me chamaram a atenção, tanto nas leituras quanto nas discussões no fórum.
- Primeiramente, no texto de Bonilha, percebe-se que Marx tem um foco extremamente antropológico, tendo o homem como foco essencial em suas colocações, colocando o tempo como condição essencial para o desenvolvimento humano – do homem – educação como condição ao desenvolvimento do ser humano e, portanto, do homem.
- Em relação ao tempo, concordo plenamente que há uma vinculação direta entre a necessidade do tempo e o desenvolvimento humano, pois não há como refletir se todo o nosso tempo estiver comprometido com o trabalho. Um bom exemplo disso é o uso do nosso tempo como professores. Muitas vezes, no semestre passado, não conseguia ler um texto do PEAD na íntegra, pois precisava preparar aulas, me deslocar, dar aulas e ainda ler todo o material proposto e dar minha contribuição, enfim, foi um semestre muito estressante. Nesse semestre estou mais tranqüila, tenho tido mais tempo e, portanto, consigo ler os textos. Tenho refletido muito, tenho tido uma luta interna com todos os referenciais que tinha. Hoje estou refazendo meu posicionamento diante das idéias de tantos pensadores, enfim, estou em uma contradição enorme com meus pressupostos. Acredito que tudo isso tem acontecido devido às leituras, às discussões, enfim, não sou mais a mesma pessoa.
- Fiquei pensando no nosso sistema capitalista, baseado na economia de mercado, na qual o objetivo principal é o lucro e, portanto, o acúmulo de capital. Há como fugirmos disso? Segundo Marx e Mészáros sim, como a colega Mara coloca muito bem, “Trabalho, Estudo e lazer são uma constante, confundindo-se mesmo em sua prática e fim. Esse mundo utópico traduz o que Marx tentou preconizar quando afirmou que cada classe precisa educar os seus conforme sua especificidade e ideologia, deixando a parte técnica e de conteúdos para a instituição escolar que deve ser gratuita e mantida com as rendas advindas dos impostos e taxas recolhidos pelo estado.Mészáros nos informa que as multinacionais cada vez mais investem na formação e lazer de seus operários como forma de garantir uma produção de qualidade e Marx mesmo, nos esclarece que o tempo livre e a dedicação do indivíduo para uma tarefa prazerosa e sem compromisso com o mercado e o capital lhe permitem a formação da criatividade e um melhor desempenho de suas aptidões que retorna à própria sociedade”. Nos sugerem uma saída através da educação, da informação. Sendo assim, entendo que a única maneira de conseguirmos sair dessa lógica capitalista é tentarmos sensibilizarmos a população quanto aos seus direitos. A partir disto é possível que haja uma conscientização do quanto o conhecimento nos dá autonomia. Autonomia de escolhermos o que é melhor para o nosso futuro e das futuras gerações.
- Seguindo em minhas reflexões, comparei a realidade brasileira com países da Europa e cheguei a mais um questionamento – por que lá, mesmo com uma economia baseada no capitalismo, a desigualdade é menor? Então, concluo que há como coexistir capitalismo e classe trabalhadora. Na verdade a palavra classe tem me incomodado muito, pois como é possível falarmos em igualdade de direitos enquanto houver “classes”? Voltando a questão da desigualdade, acredito que no momento que a pessoa tem consciência de seus direitos como cidadão ela se torna mais crítica e, por certo, mais exigente. Portanto, acredito que esse é o caminho, por mais utópico que seja como diz a colega Mara.
- Outro aspecto que me deixou um tanto intrigada, pois me parece um tanto contraditório foram as seguintes colocações no texto de Bonilha em relação à Marx:
“Não seria ensinada a filosofia, a religião e nem economia política”.
“Nas escolas seriam ensinadas as diversas tecnologias – seus princípios científicos...”
- Não concordo em não ensinar filosofia em nossas escolas, o exercício do pensar é fundamental. Além disso, como não mencionar algo sobre economia política? Estaríamos alienados ao mundo que vivemos. Acho fundamental contextualizar e, principalmente, questionar sobre a forma como as relações de poder estão instituídas no sistema capitalista. Compreendo que Marx nos coloca uma situação hipotética, mas precisamos ser mais realistas.
Em relação ao ensino de diversas tecnologias através dos seus princípios científicos, devo lembrar o quanto o cientificismo está ligado à visão cartesiana datada dos séculos XVII a XIX. Onde a razão prevalece em detrimento da intuição. Hoje, as tecnologias se apropriaram da ciência como sustentáculo do capital. Os tecnocratas fazem uso da tecnologia para criar um mercado dependente, tendo em vista o consumismo indiscriminado. Entendo as colocações de Marx como uma visão romântica, até mesmo porque naquela época não se tinha idéia da catástrofe mundial que nos assola hoje. Parece que hoje a configuração da nossa sociedade nos reporta mais a um Neo-malthusianismo.
- Portanto, acredito em nossas intervenções, como educadores, como essenciais no sentido de concretizarmos uma mudança mais efetiva no mundo que queremos construir. Um mundo com mais igualdade, sem preconceitos e com mais autonomia. Não há como ser livre sem conhecimento.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

SER PROFESSORA E SUAS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS

Repensando a minha formação, como educadora, vou fazer uma breve viagem no tempo. Iniciei fazendo magistério, já que, segundo minha mãe, eu precisava terminar o Ensino Médio com uma profissão e os testes vocacionais apontaram para a Pedagogia. Muito contrariada, lá fui eu fazer magistério. No entanto, para minha surpresa, comecei a desempenhar bem o meu papel como professora. Sendo assim, certa vez, ao trabalhar em uma Creche Municipal no município onde meus pais moravam, surgiram os primeiros conflitos com alunos, pois os mesmos vinham de uma realidade difícil, onde a grande maioria fazia suas únicas refeições na Creche. Portanto, ao entrar em conflito com um aluno, o qual me agrediu fisicamente, decidi que nunca mais eu gostaria de ser professora, precisava buscar outra profissão onde eu não seria nunca mais agredida. Sendo assim, fiz vestibular e fui cursar licenciatura em Física na UFRGS, onde me formei em 2003. Trabalhei em um laboratório, em pesquisa acadêmica, durante 2 anos. Logo comecei a fazer uma cadeira do mestrado, visando uma carreira acadêmica, mas logo percebi que aquele ambiente era incompatível com o meu perfil. Eu precisava interagir com pessoas, precisava compartilhar o que aprendi e viver minha vida com toda a intensidade possível. Portanto, infelizmente, o Instituto de Física não me oferecia o que eu tanto buscava. Nos anos seguintes, após ter abandonado o mestrado e o laboratório, comecei a trabalhar como professora em duas escolas da rede pública estadual de Porto Alegre. Comecei a trabalhar em uma escola de Ensino Médio, lecionando a disciplina de Matemática e em outra escola de Ensino Fundamental, trabalhando com a disciplina de Ciências com duas turmas de 5ª série. Fui surpreendida pela minha velha paixão, trabalhar com crianças, ou até mesmo pré-adolescentes, e o melhor de tudo, eram de uma realidade carente, onde havia poucos recursos. No início me chateava pelo estado investir tão pouco em educação. Deparei-me com salas de aula caindo aos pedaços, falta de material para os alunos e pouca vontade por parte da administração. No entanto, nem tudo era ruim, os alunos que lá estavam precisavam de mim, do meu trabalho e da minha afetividade. Tudo isso me fez repensar o meu papel como educadora. Fui percebendo aos poucos que quem faz a escola são os alunos e o corpo docente. Portanto, mesmo que os recursos sejam fundamentais, sem força de vontade não há crescimento, não há construção. Contudo, juntei minha vontade de transformar à vontade de algumas colegas, as quais também tinham muita afeição por aquele público de alunos, e começamos a agir por conta própria, em benefício de um bem maior, os nossos alunos e a significância que precisávamos dar ao aprendizado deles.
Amo o meu trabalho nessa escola e, ao ler “Pedagogia da Autonomia”, alguns questionamentos que freqüentemente faço a mim, ainda ficaram como incógnitas. Paulo Freire nos chama a atenção do quanto é importante nossa postura ética diante dos nossos educandos, ou seja, não adianta falarmos de causas nobres se não aderirmos a elas. Concordo plenamente que uma das melhores formas de educarmos é, antes de tudo, dar o exemplo. Vejo tantas agressões físicas e verbais entre alguns alunos, lembrando que reproduzem em sala de aula comportamentos perfeitamente normais no ambiente em que vivem. Contudo, reforço o quanto é preciso trocar gentilezas nesse mundo que nem sempre é tão gentil para conosco. Lembro certo dia, onde falávamos do problema ambiental causado pelo lixo, em que comentava o quanto eu ficava chateada com pessoas que estavam no ônibus e jogavam lixo pela janela ao invés de usar o lixinho. Comentei que quando eu abria algum pacote ou embalagem na rua, o guardava no bolso ou na bolsa até chegar em casa e poder jogá-lo no lixo. Aí um aluno comentou o seguinte, “-por que eu tenho que cuidar para não sujar as ruas se a maioria das pessoas não faz isso?” respondi que realmente o que ele havia dito acontecia, mas era melhor eu fazer a minha parte e saber que contribui para melhorar a limpeza da minha cidade. Portanto, analisando o ocorrido, percebo que talvez eu não tenha conseguido convencer muitos deles, mas certamente alguns me ouviram e seguiram meu exemplo.
Também concordo com a seguinte afirmação: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidade para a sua construção.” Meu papel não é transmitir conhecimento, mas facilitar e estimular o aluno para que ele busque compreender o mundo que o cerca, construindo, através de suas experiências, uma base sólida. Daí a importância “da competência técnico científica e o rigor de que o professor não deve abrir mão”, segundo Paulo Freire, devemos ser suficientemente competentes para melhor auxiliarmos e estimularmos a curiosidade de nossos educandos nessa construção.
No entanto, até hoje permanece uma grande dúvida para mim. Segundo Freire, “a transgressão dos princípios éticos é uma possibilidade”. Então, fiquei refletindo sobre isso e lembrei de um aluno que seguidamente gosta de chamar a atenção através da transgressão. Aí surgem outros questionamentos, por que nós, educadores, ao desempenharmos nosso papel mostrando outras possibilidades, não conseguimos convencê-los de que um novo mundo é possível, de que podemos optar por caminhos menos tortuosos e que temos o direito, como cidadãos, de desfrutarmos de uma vida digna? Por que eles insistem em transgredir? Sei que, como humanos que somos, temos livre arbítrio, mas isso não justifica a escolha da violência. Ainda penso que os exemplos que temos são mais visíveis, pois como vamos falar de ética em um país que é governado por pessoas que transgridem as leis o tempo todo? Depois de muito pensar cheguei à conclusão que aqueles que são éticos e cumprem o seu dever ainda são a exceção. Portanto, ainda há muito trabalho pela frente para transformarmos a realidade daqueles que se julgam a margem da sociedade que consideram sua situação uma fatalidade. Precisamos transformar as exceções em regra.

Viviane Maus
18/09/2008 22:30:01

VIVIANE MAUS

exemplos do cotidiano...Lembrei de algumas figuras que temos em nossas escolas. Aqueles funcionários que, segundo Weber, \\\"proceder sem a menor influência de motivos pessoais e sem influências sentimentais de espécie alguma, livre de arbítrio e capricho e, particularmente, sem consideração de pessoa\\\". Realmente existem pessoas que trabalham dessa forma. Naturalmente que esse autor falou de uma forma extrema, lembrando que é impossível deixar o fator humano de lado. Nenhum ser é capaz de trabalhar e atuar de forma alheia a tudo que o cerca, sempre haverá o arbítrio. No entanto, parte do que o autor coloca tem haver com muitas das pessoas que estão no domínio estatal como meras \\\"máquinas\\\" do poder público. Não levando em conta que ao trabalhar com pessoas é impossível ser racional o tempo todo. Na minha escola tem uma supervisora que não faz nada que não seja aquilo que está escrito no papel, ou seja, ela cumpre estritamente partes do que lhe foi delegado. Quando falo que ela cumpre suas funções, isso nada mais é do que o mínimo necessário, mas muitas foram as vezes que precisei de ajuda e fiquei na mão.

Viviane Maus
18/09/2008 22:11:25

VIVIANE MAUS

Contudo, também lembrei do quanto esse nosso povo precisa da Educação, nessa semana, ou semana passada, foi feito uma pesquisa de rua, onde a grande maioria dos entrevistados não vê a educação como uma prioridade. Sendo assim, precisamos abandonar os políticos que não carregam a Educação como bandeira, como prioridade. Esse é o caminho da transformação de que tanto a nossa nação precisa.

Viviane Maus

A PERSPECTIVA WEBERIANA DE EDUCAÇÃO

18/09/2008 22:09:10

VIVIANE MAUS

Então...Max Weber é um pensador um tanto peculiar. Possui uma linha de pensamento bastante particular ao encarar as relações de poder, principalmente de domínio. Enquanto eu lia seu texto, alguns pensamentos iam surgindo em minha mente, algumas experiências que passei, a própria realidade que estamos vivendo. Ao me referir a realidade, lembrei do processo político que estamos vivendo, ou seja, estamos em plena época de eleições para prefeito. Visualizei algumas figuras políticas como sendo aqueles caras \"carismáticos\" segundo Weber. Não posso deixar de concordar que o lado carismático é um quesito muito importante, visto que, muitos dos nossos políticos sabem disso, dessa visão, e a usam em suas campanhas. Por esse motivo, não é atoa que muitos políticos corruptos voltam a se candidatarem, e o pior, ainda possuem parte da população que simpatiza com o jeito carismático dele, esquecendo que o mesmo roubou, que é um mau caráter. Temos vários exemplos, o Collor, o Maluf, enfim, vários deles.

Viviane Maus